Sistema de gestão de custos hospitalares – entenda os conceitos básicos!
DRG Brasil
Postado em 22 de fevereiro de 2022 - Atualizado em 13 de maio de 2024
Qual é a diferença entre custos hospitalares diretos e indiretos? O que são custos fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis? Conheça, neste artigo, as aplicações de um sistema de gestão de custos nos hospitais e sua importância.
A gestão de saúde atravessa um momento único na sua história, tanto na esfera privada quanto na pública, e que atinge todos os agentes – do paciente que utiliza os serviços, passando pelos médicos, governo, indústria farmacêutica, operadoras de planos de saúde e instituições prestadoras de serviços.
Mas por que é importante ter um sistema de gestão de custos nos hospitais? Por onde começar? Qual é a diferença entre custos hospitalares diretos e indiretos? Quais são os conceitos de custos fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis?
Entenda as definições, no trecho a seguir do capítulo escrito por Marcelo Carnielo, diretor técnico da Planisa, para o livro DRG Brasil – Transformando o sistema de saúde brasileiro e a vida das pessoas.
Por que ter um sistema de gestão de custos hospitalares?
O sistema de custos hospitalares pode ter vários e diferentes objetivos dentro das organizações de saúde. O objetivo principal em hospital privado, por exemplo, pode ser diferente de outro hospital público administrado por Organização Social de Saúde (OSS).
Enquanto em um hospital privado a formação de custos é essencial para definição de preços dos procedimentos médico-hospitalares, ou ainda avaliar se vale a pena produzir internamente ou comprar da rede credenciada em hospitais, OSS não exige tamanha preocupação em definir preços de procedimentos, mas sim controle dos custos com vistas as metas orçamentárias definidas junto aos órgãos de controle.
Assim, todo sistema de custos hospitalares deve saber responder a perguntas que atendam às reais necessidades de sua instituição. De modo geral, as respostas de custos surgem com o modelo no qual o hospital é remunerado.
Mas, obviamente, podemos enumerar algumas aplicabilidades do sistema de gestão de custos hospitalares:
controle mensal de custos dos setores ou centros de custos;
formação do preço de venda;
custo das atividades;
apoio na tomada de decisões baseadas na contribuição marginal dos seus produtos;
definição e apoio na elaboração dos contratos;
definição dos custos dos procedimentos médicos;
acompanhamento e resultado por médico;
definição da contratação ou não de serviços de terceirizados;
apoio na decisão de investimentos;
apoio na elaboração de peça orçamentária;
avaliação dos custos da ineficiência operacional;
e avaliação dos custos das condições adquiridas do paciente.
Assim, a aplicação da metodologia de apuração de custos hospitalares a ser adotada será diferente e adaptada para cada perfil da instituição de saúde, atendendo suas necessidades de gestão. Desde já, adianto que não há a melhor metodologia; existe aquela que melhor responde às suas dúvidas e objetivos.
Primeiramente, é importante pontuar o conceito de departamentalização. Um hospital possui setores ou departamentos que normalmente ocupam um espaço físico definido, um grupo de pessoas trabalhando em tarefas relacionadas, consumo de materiais e/ou medicamentos.
Estes locais são chamados de centros de custos ou departamentos, uma vez que neles são acumulados custos para posterior alocação nos produtos ou serviços.
Os custos hospitalares precisam ser classificados para atender as diversas finalidades para as quais são apurados, para o entendimento do custo de cada produto ou serviço, bem como para a compreensão do comportamento destes custos em diferentes volumes de produção.
Custos diretos são custos apropriados diretamente nas unidades ou pacientes, sem necessidade de rateio. Isto é, não há dúvida quanto ao consumo pertencer àquela unidade ou paciente. Por exemplo, o salário da enfermeira da UTI, é custo direto da UTI; a saída do medicamento da farmácia para o paciente, é custo direto do paciente.
São exemplos de custos diretos no hospital:
Pessoal
Salários;
Encargos Sociais;
Benefícios e outros custos de pessoal.
Consumo de Materiais
Medicamentos;
Material médico e cirúrgico;
Gases;
Gêneros alimentícios;
Material de consumo;
Combustíveis e lubrificantes;
Material de expediente;
Outros materiais.
Custos e Despesas Gerais
Serviços médicos;
Serviços de terceiros;
Manutenção e conservação;
Depreciação;
Telefone;
Outros custos e despesas.
Custos indiretos
Nos hospitais, existem custos que não se consegue apropriar diretamente aos centros de custos ou pacientes. Estes são chamados de custos indiretos e dependem de critério de rateio para sua distribuição.
Os custos hospitalares diretos, pela sua própria natureza, são de fácil identificação. Portanto, a alocação aos centros de custos, quer produtivos, auxiliares ou administrativos, também é naturalmente possível.
Já os custos indiretos, quer de fabricação ou de prestação de serviços, não podem ser alocados diretamente aos produtos ou serviços.
Para que esta alocação dos custos hospitalares indiretos aos centros de custos ocorra, é necessário se recorrer a critérios de rateio – critérios esses muitas vezes subjetivos, que estabelecem as proporções adequadas de distribuição desses custos hospitalares aos seus centros de custos. O objetivo dos rateios dos custos indiretos é a determinação do custo final dos produtos ou serviços.
Todos os custos hospitalares indiretos só podem ser apropriados, por sua própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc.
Deve-se considerar que não existe critério de rateio exclusivo ou o mais adequado, pois sempre haverá um certo grau de subjetivismo na sua escolha. Todas essas formas de distribuição contêm, em menor ou maior grau, certo subjetivismo. Portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitável, e em outras oportunidades só se aceita por não haver melhores alternativas.
Abaixo, alguns exemplos de custos indiretos:
Aluguel;
Manutenção e conservação;
Depreciação;
Seguros;
Energia elétrica;
Água;
Telefone;
Impostos (IPTU) e taxas.
Custos fixos X Custos variáveis
Quanto ao comportamento dos custos em relação ao volume de produção, classifica-se em custos fixos, variáveis, semifixos e semivariáveis.
Os custos fixos são aqueles que não variam conforme a produção. Em contrapartida, os custos variáveis se alteram conforme o volume produzido.
O custo mais representativo de um hospital brasileiro é fixo, representado principalmente pelo custo com pessoal, enquanto o consumo de materiais e medicamentos são os mais representativos nos custos variáveis.
Em um sistema de custos hospitalares é importante tomar cuidados com a interpretação correta das contas em fixas ou variáveis, observando, por exemplo, que o honorário médico pode ser fixo em algumas situações e variável em outras.
Custos semivariáveis são os elementos de custos que possuem em seu valor parcela fixa e variável, isto é, tem comportamento fixo em parte de seu valor e variável na parte restante. São exemplos: água e energia elétrica.
Custos semifixos são os elementos de custos classificados como fixos, mas que se alteram em função de mudanças na capacidade instalada. Neste caso, uma UTI com 10 leitos tem custos fixos que se mantêm iguais durante os períodos de produção. Se a UTI aumentar para 20 leitos, a UTI terá que contratar mais funcionários, aumentando significativamente o seu valor de custos fixos.
A plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil tem parceria de longa data com a Planisa, empresa de consultoria de custos e melhoria da produtividade hospitalar com atuação em todo o país.
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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