Vale a pena adotar o modelo de remuneração baseado em valor no Sistema Único de Saúde?
DRG Brasil
Postado em 15 de dezembro de 2022 - Atualizado em 13 de maio de 2024
Existe, há algum tempo, uma discussão sobre a defasagem da tabela SUS para remunerar prestadores de serviços privados e filantrópicos. E, o debate sobre a possibilidade de o Governo Federal adotar outros modelos de remuneração está cada vez mais aquecido.
A proposta é mudar o modelo de remuneração por volume de atendimento para um pagamento mais justo, baseado em resultados e entrega de valor. Esse cenário traria mais benefícios à sociedade, que teria um atendimento mais responsável e com menos desperdícios.
Mas, é necessário que tanto profissionais como gestores em saúde revisem a forma como lidam com os protocolos clínicos e estabeleçam uma nova linha de cuidado para que essa transformação possa ocorrer.
Sendo assim, neste artigo, queremos explicar as razões pelas quais adotar um modelo de remuneração baseado em valor é uma boa opção para instituições de saúde no SUS. Mostraremos também como o Grupo IAG Saúde está apoiando instituições hospitalares e operadoras de saúde na mudança do sistema remuneratório com o uso da plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil.
Vantagens do modelo de remuneração baseado em valor
Como a plataforma Valor Saúde Brasil auxilia no controle de desperdício?
Experiências de instituições do SUS com o DRG Brasil
Vantagens do modelo de remuneração baseado em valor
De um modo geral, os serviços de medicina no Brasil são remunerados pela quantidade de atendimentos e não pela qualidade.
O modelo atual vigente, denominado “fee for service”, pode estimular uma cultura de tratamentos desnecessários e onerosos, resultando na perda da qualidade assistencial, sem mencionar os desperdícios e perda de valor durante o atendimento médico.
O que está em discussão atualmente é um modelo alternativo. O Ministro da Saúde do Brasil em exercício, o médico Marcelo Queiroga, vem defendendo a correção da tabela do SUS, substituindo-a por uma remuneração baseada nos princípios da metodologia DRG (Diagnosis Related Groups).
O pagamento aconteceria conforme a complexidade de cada caso, o que não vemos hoje, uma vez que a remuneração se concretiza de forma única e sem levar em conta o risco de complicação e variáveis.
Ao invés de se pagar por um tratamento de pneumonia, por exemplo, a classificação levaria em conta a idade, gênero, doenças pré-existentes, peso, entre outras características. Assim, um hospital que trabalha com pacientes mais complexos seria remunerado de acordo com eles, tornando mais justa a forma como é feito.
Um modelo de remuneração baseado em valor proporciona muitas vantagens:
Uma relação de soma positiva (quanto maior a qualidade do serviço entregue, maior o lucro).
O reconhecimento econômico e justo pelo bom atendimento ao paciente.
O compartilhamento de ganhos econômicos, como também dos riscos envolvidos, entre hospital, operadora e médicos pela assistência de qualidade oferecida.
Um controle maior da sinistralidade pela entrega de valor.
Uso mais intenso da tecnologia em processos clínicos, reduzindo glosas hospitalares, por razões administrativas e técnicas, e outras ineficiências operacionais.
Torna os processos mais acessíveis, com redução da burocracia e custos com auditoria.
O atendimento acontece conforme a complexidade de casos dos pacientes, o que diminui a incerteza nas relações entre médicos e pacientes.
O impacto econômico e assistencial da má qualidade do cuidado é considerado, o que estimula ações de melhoria contínua.
Há a aproximação entre paciente e familiares, os quais se engajam no cuidado médico e se aproximam da operadora e do hospital.
Há ainda o maior controle e eficiência na gestão de custos, corrigindo eventuais disfunções na entrega de valor.
A plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil pode auxiliar as instituições de saúde a adotarem modelos de remuneração baseados em valor. É esse ponto que abordaremos no tópico a seguir.
Como a plataforma Valor Saúde Brasil auxilia no controle de desperdício?
A plataforma Valor Saúde Brasil tem como objetivo a estruturação de programas de governança clínica para entrega de valor, incentivando resultados assistenciais de qualidade focando em 4 passos:
1. Coleta e integração de dados
Profissionais capacitados fazem a coleta de informações em saúde qualificadas, por leitura de prontuário e em dispositivos móveis à beira leito. Eles servem de base para a organização de saúde levantar insights e tomar decisões importantes, ao serem integradas aos dados econômicos da instituição.
2. Transformação de dados em informações
Sem interpretação, os dados não representam muito. É preciso ter uma leitura e avaliação para que as informações sejam claras e úteis. Nisso, a inteligência artificial e o algoritmo agrupador entram em ação. Essas tecnologias, juntas, fazem com que desfechos assistenciais e consumo de recursos tornem-se comparáveis e previsíveis.
3. Análise e comparação
O Analytics é o grande responsável por essa etapa. Ele cria painéis, gráficos e diagramas que ajudam a identificar desperdícios, mostram as diferentes condições de saúde de cada população e em que pontos estão localizadas as maiores disfunções assistenciais, que devem ser os focos de ação.
4. Entrega de valor em saúde
Com ações customizadas e alinhadas às necessidades das organizações, junto da centralização do paciente, é possível planejar melhores modelos assistenciais e remuneratórios, apropriados para a realidade local. Os aprendizados coletivos são contínuos, permitindo à organização a entrega de valor em saúde de forma constante.
Em um cenário de desperdício, a plataforma se torna uma ferramenta bastante útil, viabilizando um maior controle e planejamento dos recursos, alcançando uma gestão mais econômica e evitando gastos desnecessários.
Experiências de instituições do SUS com o DRG Brasil
Já há experiências muito bem-sucedidas na utilização da plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil no SUS. Uma delas é na Prefeitura de Belo Horizonte, que usa, desde 2017, a ferramenta em sete hospitais do município, que cobrem 50% dos leitos disponíveis para SUS, para tentar reduzir desperdícios e prestar um melhor atendimento para a população.
“O balanço até o final de 2019 mostra que o número de leitos da cidade diminuiu, mas o número de internações aumentou em 2800 pacientes mensais. Os leitos vieram do controle do desperdício”, explica Renato Couto, presidente da IAG Saúde e cofundador da plataforma Valor Saúde Brasil. Segundo ele, o ganho de eficiência equivale a compra de um novo hospital de 300 leitos.
O DRG Brasil também é usado por hospitais pertencentes a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado do Espírito Santo (FEHOFES). A metodologia foi implantada em 13 dos hospitais pertencentes à Federação com o objetivo de aumentar o gerenciamento de custos e a produtividade nas instituições de saúde, assim como elevar a qualidade da eficiência hospitalar por meio do fortalecimento da governança clínica.
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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