Pesquisa da UFMG avalia impacto da infecção por coronavírus no parto e no aleitamento materno
DRG Brasil
Postado em 17 de agosto de 2020 - Atualizado em 28 de setembro de 2023
Membro da Comunidade Académica DRG Brasil, a pesquisadora Fernanda Penido coordena estudo sobre Covid-19 no parto e aleitamento de mulheres que deram à luz em três hospitais de BH e na Unidade de Saúde de Matosinhos, em Portugal.
Leia a reportagem na íntegra, publicada pelo portal G1:
Estudo vai acompanhar mães que testaram positivo e tiveram bebês em hospitais públicos de BH e em unidade de saúde de Matosinhos, em Portugal.
Por Thaís Leocádio, G1 Minas — Belo Horizonte
Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai avaliar as repercussões da infecção por coronavírus no parto e no aleitamento materno.
"Uma motivação do projeto é o número muito baixo de trabalhos publicados sobre a transmissão vertical por meio do leite materno", disse a professora Fernanda Penido Matozinhos, coordenadora do projeto.
Desenvolvido na Escola de Enfermagem, o estudo vai acompanhar mulheres que deram à luz em três hospitais públicos de Belo Horizonte (Risoleta Neves, Sofia Feldman e Júlia Kubitschek) e em uma unidade de saúde da cidade portuguesa de Matosinhos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não há evidências científicas de transmissão do coronavírus durante o parto, nem pela amamentação. Neste mês, conhecido como "Agosto Dourado", iniciativas no Brasil e no mundo reforçam a importância do aleitamento materno.
“A gente pede, com recomendação da OMS, para manter a amamentação, mesmo no caso de infecção pela mãe. Caso a mãe deseje amamentar e tenha condições clínicas, ela pode prosseguir”, disse Fernanda Matozinhos.
Puérperas e seus filhos, nascidos nos meses com maior incidência de casos confirmados de coronavírus (maio e junho), serão acompanhados através de prontuários médicos e entrevistas por telefone.
Assistência ao parto, via de nascimento e práticas de aleitamento serão investigados para avaliar a manutenção do aleitamento materno sem prejuízo aos bebês. Além de enfermagem, a pesquisa conta com pesquisadores de áreas como nutrição, gestão e estatística.
Depois de analisar os prontuários, mães que tiveram coronavírus serão selecionadas para participar das próximas fases da pesquisa.
“Para dar prosseguimento, serão considerados os casos confirmados e suspeitos. Eles é que terão repercussões no trabalho de parto, no nascimento e na manutenção do aleitamento materno”, completou a professora.
As mulheres serão divididas em três grupos: as que alimentam seus bebês exclusivamente com leite materno, as que recorrem à amamentação mista (com introdução de outros alimentos) e aquelas que não amamentam.
Conexão
Além de professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da UFMG e coordenadora da pesquisa, Fernanda Penido Matozinhos, de 32 anos, é mãe de Lara, de 3 anos, e de Teresa, de 1 ano e 3 meses. A caçula ainda mama.
"Tive muitas dificuldades para amamentar, mas persisti com apoio e informação de qualidade. São meses de muito aconchego, muita sintonia, muito apego. Talvez tenha sido uma das experiências mais transformadoras, loucas e difíceis da minha vida. Penso que cada família busca suas formas de estabelecer vínculo com o bebê e, no nosso caso, esta foi uma das escolhidas", relatou a enfermeira.
“Quando positivei, estava com 36 semanas de gestação. Ainda brinquei: ‘A Lavínia vai esperar 40’. Mas não esperou. Ela nasceu com 38 semanas, quando eu estava no meu 14º dia de Covid”, relatou Virgínia Silame, de 38 anos.
O casal teve sintomas leves da doença e o filho mais velho, Heitor, de 2 anos, ficou assintomático. “Mesmo assim, na segunda semana a tosse foi uma coisa muito angustiante. Eu não conseguia dormir direito nem comer direito. Emagreci 4 kg em duas semanas, foi um pouco desgastante”, disse Virgínia.
A recuperação do parto foi rápida e Virgínia, de máscara, amamentou Lavínia assim que a bebê nasceu.
“Acredito muito no poder da amamentação para vínculo, prevenção de doenças, fortalecimento do sistema imunológico... os benefícios são imensos. Eu vejo as respostas no Heitor e inclusive na Lavínia, apesar de ter só 2 meses. Não que a amamentação faça de alguém mais mãe, mas eu tenho certeza de que é um diferencial”, disse.
A pesquisa sobre as relações entre coronavírus, parto e aleitamento materno já foi aprovada pelas instituições participantes e pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Coep) da UFMG. A previsão é que os resultados sejam publicados até o final deste ano.
"Para as atuais e futuras mamães, desejo persistência e apoio no aleitamento materno! E muita informação baseada em evidências científicas nessa afetuosa jornada", concluiu a pesquisadora da UFMG.
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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