Publicado em: Portal Hospitais Brasil
A Planisa – empresa especialista em soluções de gestão de saúde – e a Plataforma Valor Saúde DRG Brasil uniram conhecimento e as bases de informação disponibilizadas por seus clientes para pesquisa acadêmica, para definir qual o potencial econômico do controle de desperdício no sistema de saúde brasileiro. O levantamento aponta que 53% das despesas hospitalares brasileiras são desperdícios possíveis de se controlar e, ao corrigir determinadas falhas, as oportunidades de ganhos assistenciais chegam a R$ 38,9 bilhões para o setor.
As bases assistenciais são de hospitais da saúde suplementar e do SUS, distribuídas em todo Brasil, por meio de 326 hospitais. Estas informações de saúde foram codificadas por médicos e enfermeiros especialistas. Da base de custos, participaram 78 hospitais, públicos e privados, no primeiro semestre de 2021, que usam a solução KPIH (Key Performance Indicators for Health). A análise contou com a supervisão de consultores especializados em custos hospitalares, por meio da metodologia de custeio por absorção pleno. A elevada qualidade dos dados de ambas as bases torna as conclusões mais seguras.
Em 2020, foram registradas 10.534.951 internações pelo SUS. Considerando média de permanência de 5 dias, o estudo concluiu que foram utilizadas, aproximadamente, 52,6 milhões de diárias e, destas, 26,5 milhões são desperdícios. “Levando em consideração que o custo diário hospitalar médio apurado na base KPIH da Planisa é de R$ 799,00 em hospitais SUS e R$ 1.149,00 em hospitais da saúde suplementar, podemos estimar o desperdício do SUS por falhas de entrega de valor em R$ 21,1 bilhões, ou seja, 7,1 % dos R$ 297,3 bilhões do orçamento anual SUS”, explica o diretor de Serviços da Planisa e especialista em gestão de custos hospitalares, Marcelo Carnielo. “Na saúde suplementar, esse valor, por falhas de entrega, chega a R$ 17,7 bilhões, totalizando R$ 38,9 bilhões”, completa.
De acordo com as informações levantadas, as 4.432.566 altas hospitalares – 413.277 do SUS e 4.019.289 da saúde suplementar, consumiram 19.519.511 diárias, sendo 10.338.670 diárias (53%) desperdício por falhas de entrega de valor. O cenário na saúde suplementar (53,3%) é semelhante àquele encontrado no Sistema Único de Saúde (50,3%).
Do desperdício, 56,12% são determinados por ineficiência no uso do leito hospitalar e 17,94% por internações por condições sensíveis à atenção primária, que poderiam ser evitadas pelo aumento de eficácia nesse nível de atenção. O levantamento aponta, ainda, que 13,64% do desperdício é determinado por condições adquiridas graves, sendo que 65% delas preveníveis; 7,75 % das diárias em excesso foram utilizadas por pacientes que reinternam em 30 dias com o mesmo problema ou condição adquirida que se agravou no domicílio; 3,15% se devem à baixa resolutividade da emergência e 1,4% à não ambulatorização cirúrgica.
Carnielo ressalta que a boa notícia é que há a possibilidade de transformar o cenário em oportunidade para aumento de acesso qualificado ao povo brasileiro. “Quando se trata de desperdício do sistema de saúde, o que nos difere dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é que eles colocaram este fato como prioridade, que reflete nas políticas públicas. Temos informações apenas de algumas etapas da cadeia produtiva da saúde, ou seja, a notícia pode ser ainda melhor, pois o desperdício total da saúde certamente é bem maior”, pontua.
Um sistema de saúde de alto valor para os usuários realiza um triplo objetivo: melhorar a experiência individual de cuidado; melhorar a saúde das populações; e reduzir os custos per capita de atendimento às populações. Com isso, se controla o desperdício. “Um sistema de saúde baseado em valor é bom para todos. O paciente pode reduzir seus danos físicos, psicológicos e seus custos. A sociedade pode garantir maior acesso ao sistema de saúde e aumentar a competitividade de sua economia. Os prestadores podem ser melhor remunerados e os financiadores mais sustentáveis se controlarmos o desperdício”, elenca o presidente do Grupo IAG Saúde e co-fundador do DRG Brasil, Renato Couto. “É necessária uma concertação da sociedade centrada na entrega de valor em saúde ao usuário e compartilhamento dos recursos do controle do desperdício para um novo ciclo de entrega de mais acesso qualificado a sociedade brasileira”, conclui Couto.
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