O que é integralidade no SUS e como o princípio se relaciona com a entrega de valor em saúde?
DRG Brasil
Postado em 24 de maio de 2021 - Atualizado em 28 de setembro de 2023
Saber o que é integralidade no SUS (Sistema Único de Saúde) é requisito básico para quem deseja promover mais qualidade na entrega de serviços de saúde aos pacientes — ainda que por meio de instituições da saúde suplementar.
O SUS, mesmo com todas as suas dificuldades, ainda é reconhecido hoje como uma das maiores ações de inclusão social, servindo, inclusive, de referência para outros países na implantação de programas de saúde.
Antes de sua instituição, o acesso à saúde era somente assegurado a quem tinha carteira de trabalho assinada. Estima-se que essa era a realidade de menos da metade da população, visto que muitos lidavam com o desemprego enquanto outros trabalhavam de maneira informal.
Desde o final dos anos 80, o país, então, vive transformações e melhorias na saúde. Isso tem sido possível em razão dos princípios que guiam a atuação da rede pública, sendo a integralidade um deles.
Mas o que esse princípio pode nos ensinar? E como ele se relaciona com a saúde baseada em valor? Neste artigo, falaremos sobre isso!
O que é integralidade no SUS?
A integralidade no SUS é um dos princípios que guiam suas ações, atuando juntamente a outros, como equidade e universalidade. Ela tem como objetivo atender o usuário em todas as demandas, desde ações preventivas até curativas. Assim, busca oferecer ao paciente tudo o que ele precisa e dentro de todas as ações de atenção: primária, secundária e terciária.
Falar em integralidade é complexo, uma vez que ela abrange os mais diversos aspectos, como administrativos, políticos e financeiros. Além disso, o conceito envolve a subjetividade humana em cada cuidado. Para isso, tenta compreender desejos e necessidades do usuário — tanto em sua individualidade quanto na coletividade — os quais são ilimitados.
A integralidade pode envolver desde campanhas com orientações sobre cuidados com a saúde até cirurgias complexas. Podemos encontrá-la no fornecimento de medicamentos, na vacinação da população, no atendimento de emergência pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), em tratamentos para câncer e em transplantes de órgãos, por exemplo.
Apesar de ser complexo, é necessário reconhecer o que é integralidade no SUS, pois esse princípio reafirma o direito à saúde, forçando, assim, um olhar para o ser humano em toda a sua singularidade. Ela busca a centralização do paciente, evitando o reducionismo e proporcionando a completude no bem-estar dos aspectos orgânicos, emocionais, sociais e espirituais.
Como funciona o princípio de integralidade no SUS na prática?
Bem, a integralidade se constitui da junção dos atos preventivos, curativos, individuais e coletivos, além de proporcionar a defesa das pessoas e dos interesses populares. Mas e na prática: o que é integralidade no SUS? Como garantir seu funcionamento?
Em primeiro lugar, é necessário adequar as condutas de saúde em três alicerces principais:
acolhimento: ou seja, é preciso oferecer acesso universal aos serviços, que devem ser resolutivos e de qualidade;
cuidado: visa colocar as necessidades do usuário no centro. Dessa forma, promove-se toda a assistência e o apoio;
humanização: é vista em todos os momentos, inclusive na relação profissional-paciente, já que ela influencia a forma como o usuário experimenta seu atendimento e tratamento.
Além disso, a integralidade precisa ser analisada em três grandes conjuntos:
práticas dos profissionais: que devem enxergar o paciente como um todo;
organização dos serviços: é preciso ampliar as percepções sobre as necessidades dos grupos e adotar as melhores formas para respondê-las;
respostas aos problemas de saúde: aqui, falamos sobre promoção, prevenção, tratamento e reabilitação.
Um exemplo para se entender melhor o que é integralidade no SUS, na prática, pode ser visto no Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Segundo o Relatório de Gestão da Secretaria Municipal de Saúde, de 2020, foi promovida uma ação, por meio de webconferência, sobre o tema "Coronavírus e População em Situação de Rua".
A proposta era orientar os profissionais para os casos de suspeição e confirmação da infecção. A partir das condutas de orientação, prevenção, cuidados e tratamentos, pode-se proporcionar a integralidade e a intersetorialidade nas políticas.
Como a integralidade no SUS se relaciona com a entrega de valor?
A integralidade no SUS tem grande relação com a entrega de valor em saúde. Isso porque a definição é uma das prioridades na gestão de saúde, levando as instituições a ampliarem a resolutividade em todos os níveis de atenção.
Integralidade e entrega de valor têm, ainda, outros preceitos similares. Ambos colocam o paciente no centro dos serviços, além de adotar ações baseadas em:
predição: com análise de riscos para evitar desfechos indesejáveis e eventos adversos;
prevenção: com gerenciamento para uma prática antecipada, antes de doenças ou outros problemas surgirem;
personalização: o atendimento e a análise de riscos são feitos de forma personalizada, de acordo com as necessidades e realidades individuais;
participação: o próprio paciente, sua família e a equipe de saúde são incentivados a participarem e decidirem juntos.
Existem, ainda, três dimensões importantes, que precisam ser consideradas tanto na promoção da integralidade quanto no VBHC (Value-Based Health Care):
melhoria da experiência do paciente: todos os contatos com a instituição de saúde precisam ser positivos e dentro de suas expectativas;
aumento na qualidade assistencial: é fundamental atingir a excelência nos serviços, e a segurança do paciente, e ele deve estar no centro;
redução de desperdício: ao mesmo tempo, é preciso visar eficiência no uso dos recursos. Eles são necessários, mas também escassos.
Contar com a tecnologia na saúde faz toda a diferença para tornar os objetivos mais palpáveis. Com a coleta, transformação, análise e comparação de dados e informações, por exemplo, as instituições podem entender a própria realidade e, assim, planejar ações customizadas com foco na melhoria contínua, para a máxima qualidade das práticas.
Em suma, entender o que é integralidade no SUS é saber dar o passo inicial para promover a saúde baseada em valor. No entanto, é preciso ter em mente que a importância vai além da teoria: ela se concretiza na prática. Desafios sempre existirão, mas a qualidade no cuidado deve estar em constante construção. É por isso que uma boa gestão se faz indispensável ao alcance de mais sucesso assistencial.
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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