Conheça os modelos de remuneração em saúde e entenda qual é o melhor para você!
DRG Brasil
Postado em 10 de agosto de 2021 - Atualizado em 28 de setembro de 2023
Os vários modelos de remuneração em saúde são parte do processo decisório institucional. Pelo fato de cada um resultar em impactos específicos e significativos na cadeia de saúde, é imprescindível o conhecimento por trás da lógica no funcionamento, além de vantagens e desvantagens.
Dessa forma, é possível dizer que os desafios começam ainda no momento da preparação e organização dos processos. Afinal, é necessário alinhar interesses que, a princípio, parecem distantes e opostos.
Todas as organizações de saúde querem entregar um bom atendimento à população, quanto a isso não há dúvidas. Porém, cada membro da cadeia produtiva tem uma perspectiva particular. Os pacientes, por exemplo, querem ter suas próprias necessidades atendidas. Os prestadores de serviço desejam ser bem remunerados. Já as operadoras de plano de saúde se preocupam, entre outras questões, com os custos de algumas ações.
A seguir, teremos uma breve discussão sobre os principais modelos de remuneração em saúde adotados no Brasil. Acompanhe!
1. Fee For Service
O fee for service é o modelo de remuneração mais tradicional, ainda amplamente usado, mas que tem se mostrado cada vez mais ineficiente, se for utilizado de maneira isolada. Aqui, o pagamento acontece de acordo com a quantidade de procedimentos e recursos usados.
Na prática, costuma existir uma tabela de preços previamente estabelecida, então, a atenção está em analisar quais e quantas intervenções foram realizadas. Em caso de falhas ou mesmo de processos desnecessários, os profissionais são remunerados novamente por eles.
A intenção é promover uma remuneração de acordo com a complexidade da situação. Parte-se do pressuposto que demandas simples tendem a empregar um número menor de técnicas, além de serem resolvidas de forma mais rápida. No entanto, além de essa não ser essa a realidade, ainda incentiva atritos entre operadoras de planos de saúde, hospitais e pacientes, já que confiança e satisfação estão em jogo.
Outra característica é reforçar o individualismo entre os profissionais. Problemas que poderiam ser resolvidos por meio de uma atuação conjunta, de equipes multidisciplinares, costumam ser repassados de mão em mão.
Além do mais, os próprios profissionais de saúde podem aceitar cargas horárias excessivas, com o intuito de receber maior remuneração, o que, no entanto, prejudica a saúde física e mental, predispondo ao burnout ou afetando a qualidade nos atendimentos.
2. Capitation
O modelo de remuneração por capitação tem foco em resolver um grande problema: os altos gastos e o aumento da sinistralidade das operadoras de plano de saúde. Assim, a ideia por trás deste modelo foca na contenção e previsibilidade, por meio do racionamento de serviços.
Para isso, a remuneração é calculada por valor fixo para um grupo de vidas em determinado serviço. No entanto, não considera complicações ocorridas nem os desfechos clínicos.
Os prestadores de serviço conseguem ter uma previsibilidade da receita. Por outro lado, os custos não são tão precisos. Devido à preocupação com os repasses financeiros, além de esse modelo tirar a autonomia por parte dos hospitais, transfere-lhes o risco pelos desfechos dos pacientes.
3. Orçamento Global
No orçamento global, os prestadores são remunerados ao longo do tempo, em intervalos predeterminados e com base em um grande número de procedimentos e atendimentos.
Ao contrário do modelo de remuneração por capitação, nesse, os prestadores conseguem ter previsibilidade não só de receita, mas também de gastos, o que ajuda a resolver apenas parte dos problemas. Isso porque, como está tudo pré-estabelecido e fixo, há um grande desafio em lidar com a ineficiência no cuidado ao paciente, além de desmotivação na renovação de serviços e de atendimento a casos complexos.
4. Por Diagnóstico
A remuneração por diagnóstico recompensa por um único pagamento fixo e se baseando nos códigos do CID-10, manual de saúde em Medicina no qual constam as doenças e os transtornos.
O propósito é padronizar os pagamentos, visto que cada patologia exige trabalhos diferentes dos profissionais. Apesar de haver uma finalidade positiva, esse modelo apresenta desvantagens, como o foco na doença, no lugar da prevenção e das internações evitáveis, além de desconsiderar o ciclo completo de atenção e os desfechos.
5. Bundled Services
Um dos modelos de remuneração mais atuais, o bundled services é uma categoria de pagamento por performance, pois usa incentivos com base em desempenho profissional.
Cada bundle — em outras palavras, cada pacote — pode ser criado em relação a serviços hospitalares ou condições clínicas. Assim, os custos de um bundle são estudados previamente, considerando a possibilidade de realidades diferentes. Por exemplo, diante de um mesmo diagnóstico, determinado paciente pode precisar de uma cirurgia e um mês de recuperação na internação, enquanto outro demandar três meses de preparação, mais uma cirurgia, mais um mês de internação e cuidados pós-operatórios em casa.
Isso requer mais união entre prestadores de serviços e operadoras, facilita uma atenção mais coordenada e multidisciplinar e promove atenção mais personalizada ao paciente.
6. Baseada em Valor
O modelo de remuneração baseada em valor busca unir as partes vantajosas de cada modelo anterior. Ele é considerado, então, o mais evoluído, pois tem como foco colocar o paciente no centro dos serviços. A ideia é proporcionar-lhe boa experiência na jornada de saúde, ao mesmo tempo em que considera a qualidade, mas sem deixar de se preocupar com a economia.
No cálculo da remuneração, esse modelo faz uma relação entre os resultados que importam ao paciente (desfechos clínicos) e os custos para atingi-los. Isso implica algumas mudanças na forma de instituições de saúde e profissionais operarem.
Um exemplo é a reformulação na prestação de saúde na atenção primária, já que ela afeta toda a cadeia de saúde. Além disso, é necessário adotar indicadores de qualidade e ferramentas de tecnologias que viabilizem predições e previsões, com o apoio da inteligência artificial.
No pagamento baseado em valor para médicos e hospitais, o objetivo é o mesmo: remunerar de acordo com os resultados assistenciais e a entrega de valor em saúde pelo profissional ou pela instituição. O que irá diferenciar são os parâmetros. Para médicos, a remuneração é feita por indicadores de desempenho individual. Para hospitais, o valor é analisado coletivamente, como resultado de um trabalho amplo de governança clínica.
Apesar de exigir esforços iniciais e transformações na mentalidade e nas culturas organizacionais, o modelo de remuneração baseado em valor é o que tende a promover mais sustentabilidade, além de repercutir de forma positiva na satisfação do paciente. Tanto é que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) já o enxerga como tendência e está se preparando, por meio de projetos-piloto, para colocá-lo em prática em nível nacional.
Além disso, o pagamento baseado no valor em saúde estimula a economia compartilhada. No chamado "shared savings", a economia obtida com a redução dos desperdícios assistenciais é compartilhada entre médicos, hospitais e fonte pagadora.
Dessa forma, os modelos de pagamento têm o intuito comum de oferecer uma recompensa justa aos prestadores de serviços. No entanto, pelo fato de cada qual contar com características distintas e influenciar resultados financeiros, desfechos clínicos, experiência do paciente, além de performance e bem-estar dos profissionais de saúde, é fundamental fazer essa escolha com mais consciência.
Porém, os modelos remuneratórios em saúde não são mutuamente exclusivos, podendo ser combinados de forma que a organização crie um formato personalizado que seja adequado para a sua realidade e a sua carteira de usuários. O importante é que as modalidades utilizadas se concentrem no incentivo à entrega de uma assistência de qualidade ao paciente, focando em desfechos favoráveis, segurança, eficiência, previsibilidade e controle dos desperdícios.
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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