Modelo Assistencial

Medicina preventiva: como gerenciar os riscos da forma correta?

DRG Brasil
Postado em 12 de março de 2021 - Atualizado em 13 de maio de 2024

Em 1946, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o termo saúde como um estado completo de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. A partir disso, houve um aumento na percepção da sociedade em relação à qualidade de vida, o que influenciou no movimento por uma medicina preventiva, com foco no agir antecipado.

Essa nova mentalidade se baseia, essencialmente, no gerenciamento de riscos. As práticas envolvidas nesse contexto são benéficas não apenas aos pacientes — que passam a evitar doenças crônicas e degenerativas —, mas também aos hospitais e operadoras de planos de saúde. A lógica, é que com mais pacientes saudáveis, é possível reduzir, por exemplo, a necessidade de procedimentos complexos, que, muitas vezes, encarecem as contas.

Para um melhor entendimento sobre o assunto, neste artigo vamos abordar o funcionamento e promoção da medicina preventiva, bem como sobre a maneira adequada de gerenciar os riscos. Boa leitura!

Como funciona a medicina preventiva?

Conforme já mencionamos, a medicina preventiva tem foco na promoção de saúde e no bem-estar de indivíduos, com o intuito de evitar o surgimento de doenças. Seu principal objetivo é detectar fatores de riscos, descobrir enfermidades no estágio inicial e evitar que outras surjam. A intervenção é proativa, assim, não é preciso esperar o aparecimento de sintomas, para que algo seja feito.

Na prática, pode ser entendida como um conjunto de técnicas representadas por atividades, como:

· informar as pessoas sobre a importância da boa alimentação;

· incentivar as atividades físicas;

· motivar as consultas médicas regulares;

· promover a higiene pessoal;

· facilitar a realização de exames básicos, de rastreios e de check-ups.

Já o modelo tradicional, conhecido como “medicina curativa”, tem foco na reação, ou seja, trata os pacientes, só agindo quando a doença já está estabelecida. Não se preocupa, portanto, em rastrear patologias ou em descobrir doenças e morbidades de forma precoce.

Isso não quer dizer, no entanto, que o método tradicional seja ruim. Na verdade, é fundamental, pois é responsável pelo tratamento de quadros crônicos e pelo acompanhamento continuado do paciente, ajudando-o a lidar melhor com os sintomas da doença.

Benefícios da medicina preventiva

A medicina preventiva é uma modalidade de assistência que beneficia tanto os pacientes quanto as intuições de saúde, conforme comentamos a seguir.

Qualidade de vida ao paciente

As ações preventivas refletem positivamente na saúde dos pacientes, que passam a desfrutar de uma vida mais saudável, sem a intercorrência de doenças graves ou crônicas.

Há mais produtividade no trabalho, menos gastos com remédios, melhor convívio com a família, aumento do bem-estar físico e mental, aumento da energia e um envelhecimento mais tranquilo e saudável.

Redução no uso de recursos complexos

Hospitais e operadoras de saúde costumam elevar muitos seus gastos, ao realizar cirurgias e tratamentos. Com o investimento em medicina preventiva, é possível reduzir os atendimentos nas emergências e diminuir o uso de recursos em procedimentos complexos.

Além disso, com menos demanda de internações e intervenções, é possível otimizar a gestão de custos e de recursos, a exemplo de diárias hospitalares.

Diminuição da sinistralidade dos planos de saúde

O aumento na sinistralidade é um dos grandes motivos de preocupação das operadoras de planos de saúde. Na equação, quanto mais procedimentos complexos e caros são feitos, maiores são os custos. A medicina preventiva é uma forma de reduzi-los e buscar mais eficiência nas ações.

Quais são os níveis de prevenção da medicina preventiva?

médico ouvindo o pulmão da paciente, colocando a medicina preventiva em prática

As ações de medicina preventiva são divididas em três fases, que envolvem desde o impedimento de ocorrências até a minimização dos efeitos da doença já instalada. Assim temos:

· prevenção primária — ações para impedir a ocorrência das doenças antes que elas se desenvolvam. Subdivide-se em dois níveis: promoção da saúde e a proteção específica;

· prevenção secundária — quando a doença já se apresenta no organismo. O objetivo é propiciar melhora da condição clínica, impedindo a evolução da enfermidade. Há também o objetivo de reduzir ou interromper a disseminação de uma doença e uma determinada população. Essa fase é dividida em dois níveis: diagnóstico precoce e limitação da incapacidade;

· prevenção terciária — quando o quadro patológico já evoluiu, se manifestando de maneira estável a longo prazo, exigindo cuidados preventivos específicos, minimizando os efeitos das limitações impostas pela doença.

No entanto, em cada uma dessas fases é possível identificar cinco diferentes níveis de prevenção, de acordo com o tipo e o objetivo dessas ações, conforme detalhamos a seguir.

Primeiro nível: a promoção da saúde

O primeiro nível abrange ações com foco no bem-estar geral. Ainda não se detecta nenhuma doença específica e as ações objetivam a qualidade de vida de um grupo ou comunidade.

Os principais exemplos que temos aqui são campanhas de conscientização contra o uso excessivo de álcool e informações sobre como montar um cardápio de alimentação saudável.

Segundo nível: a proteção específica

O segundo nível se diferencia do primeiro pelo fato de focar em uma doença específica. No entanto, as ações ainda têm foco na prevenção, de modo a evitar o surgimento da doença. Exemplos disso são:

· campanhas de vacinação;

· campanhas de conscientização específicas (como Outubro Rosa);

· exames de pré-natal;

· ações para combater a Dengue.

Terceiro nível: o diagnóstico e tratamento precoce

O terceiro nível busca descobrir princípios de doenças no organismo, antes que os sintomas surjam. O objetivo é colocar em prática medidas que evitem o agravamento de determinada condição.

Assim, ainda tem caráter estratégico, pois consegue reduzir boa parte dos investimentos caros, típicos da medicina curativa, como cirurgias precoces, autoexame e rastreamento de doenças infectocontagiosas.

Quarto nível: a limitação do dano

No quarto nível, a doença já se instalou completamente, inclusive seus sintomas. O impacto das ações não é tão grande quanto nas fases iniciais, mas ainda são importantes pelo fato de diminuir ou evitar complicações.

Aqui, a finalidade pode ser representada por um tratamento completo, que reduza a possibilidade de sequelas. Exemplos de ações encontradas aqui são o telemonitoramento e os grupos de apoio a pacientes crônicos.

Quinto nível: a reabilitação

O quinto nível tem foco em intervenções que ajudem o paciente a lidar e a conviver com a própria doença, de modo que ela afete o mínimo possível a qualidade de vida, promovendo, com isso, maior bem-estar.

Os exemplos aqui podem incluir:

  • acompanhamento de complicações para pacientes diabéticos;
  • órteses;
  • próteses;
  • reabilitação pós-infarto ou acidente vascular cerebral;
  • terapia ocupacional;
  • treinamento do deficiente.

Como o gerenciamento de riscos se relaciona com a medicina preventiva?

Gerenciar riscos é o processo de planejar, analisar, organizar e adotar medidas para evitar, ou diminuir a probabilidade de um resultado negativo. É aí que a gestão de riscos se relaciona diretamente com a medicina preventiva, já que essa prática visa prever e afastar as situações de perigo.

Além disso, gerenciar riscos permite aproveitar os cenários de oportunidade, pois confere uma visão geral do negócio. Essa é, ainda, uma forma de lidar melhor com as incertezas que aparecem, a fim de aumentar a entrega de valor aos pacientes pelos hospitais e operadoras de planos de saúde.

O conhecimento do cenário possibilita a adoção de medidas preventivas no sistema de saúde. O objetivo é implementar ações como: análise profunda da realidade, aplicação de políticas e adoção de mais mecanismos de controle. A intenção é se antecipar, por meio de ações preventivas, além de proporcionar maior sustentabilidade econômica e saúde baseada em valor.

A execução do gerenciamento de riscos na medicina preventiva implica o cálculo de probabilidade de eventos incertos, ou seja, que ainda não aconteceram. Além disso, cabe a análise qualitativa, classificando a probabilidade e impacto do fenômeno. Como consequência, temos o monitoramento mais intenso de ameaças com probabilidade de se tornarem realidade.

Sem um gerenciamento de riscos, o sistema de saúde tende a enfrentar contextos ameaçadores em diversos sentidos. Um exemplo é o mau atendimento, que envolve demora e falhas na comunicação, além da falta qualidade nos serviços, o que gera, nos pacientes, sensações negativas, impactando diretamente na sua experiência.

Como fazer um adequado gerenciamento de riscos?

Um adequado gerenciamento de riscos requer se antecipar e se preparar para eventos de impacto negativo, enquanto busca por mais oportunidades. Nesse sentido, o sistema de saúde precisa adotar ações que envolvem desde recursos tecnológicos até o envolvimento dos pacientes com o seu próprio tratamento, conforme comentamos a seguir.

Adotar tecnologia de ponta

A plataforma DRG Brasil conta com tecnologias que viabilizam predições assistenciais e econômicas, fazendo uma gestão de riscos alinhada às necessidades de cada negócio. Esse é um investimento que muda como você lida com seus processos, tornando-os mais eficientes.

Classificar e monitorar pacientes

Contar com tecnologia de ponta ajuda a classificar pacientes a partir do grau de risco e da necessidade de intervenções complexas. Isso facilita a antecipação, para uma ação no momento adequado. A ideia é promover não somente a prevenção e a predição, mas, também, a personalização no tratamento.

É preciso, ainda, realizar o rastreamento de pacientes crônicos. Doenças como diabetes e hipertensão, se detectadas antes dos sintomas, promovem diversos benefícios, como:

  • melhoria na qualidade de vida;
  • diminuição das internações e reinternações;
  • controle de desperdícios;
  • redução dos custos de hospitais e planos de saúde.

Fazer usar de bundles

Os bundles — práticas baseadas em evidências — facilitam a mensuração na entrega de valor, o controle de desperdícios e monitoram eventos indesejados, como readmissões não planejadas.

Por meio do aplicativo de Inteligência Artificial da plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil, por exemplo, técnicos de enfermagem, técnicos de gestão de riscos e os próprios pacientes podem imputá-los e controlá-los. Isso ajuda a identificar as necessidades de melhorias no processo hospitalar, com oportunidades de co-criar mais cuidados.

Mudar o modelo mental e a cultura organizacional

É preciso sair do método clínico convencional e entrar para aquele centrado no paciente. O foco deve ser a satisfação dele, com a entrega de serviços e tratamentos de mais qualidade.

Isso implica mudar, também, o modelo de pagamento dos profissionais de saúde. Enquanto o fee for service encarece a conta e ocasiona desperdícios, o modelo remuneratório por performance utiliza métricas e indicadores para avaliar a entrega de valor em saúde.

Capacitar e desenvolver os profissionais de saúde

A capacitação e o desenvolvimento visam oferecer crescimento profissional e entrega de know-how, de modo que os colaboradores estejam preparados para trabalhar com plataformas de governança em saúde e saibam contribuir com melhores desfechos clínicos.

Envolver os pacientes

O foco na experiência do paciente e em sua jornada, no sistema de saúde, contribui para que ele e a família se engajem nos procedimentos e no gerenciamento de riscos.

O envolvimento para uma alta segura, por exemplo, contribui para o aumento da confiança e mais adesão ao tratamento. Saber a previsão de riscos também leva à obtenção de melhores resultados nas práticas médicas.

Qual o papel da medicina preventiva no pós-pandemia?

Segundo estudos apontados pela Fiocruz, mais da metade das pessoas que tiveram alta do tratamento da Covid-19, apresentaram sequelas que podem persistir por mais de um ano. Nesse sentido, algumas operadoras de saúde já estão implementando programas de medicina preventiva para atendimento aos pacientes com sequelas da doença, visando a prevenção de complicações na saúde.

A propósito, no relatório Mundial sobre Prevenção e Controle de Infecções, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a pandemia da Covid-19 proporcionou uma enorme oportunidade de realizar um balanço da situação e aumentar rapidamente a resposta e prontidão ao surto por meio de práticas de prevenção e controle de infecções, bem como de fortalecer os programas em todo o sistema de saúde.

Como promover a medicina preventiva?

A promoção da medicina preventiva depende essencialmente da adoção de tecnologia de ponta. Isso porque a prática da prevenção requer monitoramento com base em informações qualificadas sobre os pacientes e suas evoluções. Além disso, a Telemedicina, Big Data e outros recursos tecnológicos são essenciais para agregar ao atendimento e otimizar a gestão em instituições de saúde.

Exemplo de tecnologia que conta com todos os requisitos necessários para essa promoção, incluindo o gerenciamento de riscos, é a plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil, que oferece diversas funcionalidades essenciais, conforme apresentamos a seguir.

Gestão inteligente de recursos

Um grande desafio para hospitais e operadoras é gerir os recursos com eficiência. É preciso garantir sustentabilidade e economia, sem deixar de lado o atendimento de qualidade.

A escolha inadequada de procedimentos e a ineficiência operacional geram gargalos financeiros, que comprometem o orçamento da instituição. Na medicina preventiva, as tecnologias analisam cenários e preveem demandas, otimizando a capacidade da utilização dos recursos.

Análise de dados que possibilitam prevenir doenças

A inteligência artificial contribui para entender melhor o perfil de determinado paciente, entregando diagnósticos mais certeiros e predizendo a probabilidade no surgimento de doenças, por exemplo. Isso facilita a gestão de riscos assistenciais e as ações preventivas, de modo a evitar piores consequências.

Promoção de alta com mais segurança e menor reincidência

É possível analisar dados, examinar históricos e fazer análises baseadas em evidências, de modo a garantir segurança e eficiência no processo de alta, evitando a reincidência de pacientes no hospital pela mesma doença. Há mais entrega de ações preventivas e de tratamentos seguros, impedindo o prolongamento ou agravamento de doenças.

Conforme apontamos ao longo deste artigo, aplicar a medicina preventiva favorece todo o sistema de saúde. Nesse processo, o gerenciamento de riscos contribui para afastar as falhas que prejudicam a entrega de valor. Essa prática, no entanto, precisa ser adequada e adotar recursos tecnológicos, para propiciar mais certezas nas tomadas de decisões.

Achou interessante as informações sobre a medicina preventiva e gerenciamento de riscos? Acesse a nova página do blog para ampliar e aprofundar os seus conhecimentos sobre o tema!

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