Postado em 4 de dezembro de 2021 - Atualizado em 28 de abril de 2023
A etapa de tratamento envolve a identificação e a análise das diversas opções para tratar os riscos, além da implementação de planos de gerenciamento. É para isso que serve uma Matriz de Gerenciamento de Risco. Leia o artigo e veja como começar!
O Gerenciamento de Risco é uma atividade essencial para a qualidade assistencial e a segurança do paciente. Aqui no Blog Valor em saúde já falamos sobre as etapas de análise de cenários e avaliação dos riscos com base na ISO 31000. Estes são os ciclos iniciais e cruciais para um gerenciamento de riscos efetivo.
Neste artigo vamos falar sobre a etapa de tratamento de riscos, que envolve a identificação das diversas opções para tratar os riscos, a análise e a avaliação dessas opções, e a preparação e implementação de planos de tratamento.
O tratamento de riscos envolve a elaboração de planos de ação para minimizar o risco e/ou sua consequência. Continue a leitura!
O que é tratamento de riscos?
O tratamento planejado de riscos deve ser adequado à relevância do risco, levando em consideração seus custos e benefícios, e deve ser acordado com as partes interessadas. Além disso, é fundamental ter um profissional responsável designado para a coordenação de sua implementação.
O tratamento dos riscos pode envolver uma ou mais das seguintes condutas:
Aceitar (ou tolerar) o risco;
Mitigar os riscos, isto é, tratá-los de forma a restringi-los a um nível aceitável, reduzindo as chances de ocorrência (sua probabilidade);
Transferir o risco para terceiros;
Eliminar o risco, alterando o plano ou processo ou terminando a atividade que deu origem ao risco.
Em todos estes casos, as oportunidades geradas pela incerteza devem ser consideradas.
A seleção da opção deve:
Balancear o custo e os benefícios derivados da incerteza, em termos financeiros ou em outros termos;
Levar em consideração os contextos;
Atentar que requisitos legais e de responsabilidade social podem se sobrepor a uma simples análise financeira de custos e benefícios.
O tratamento de riscos pode, em si, introduzir novos riscos, que precisarão ser identificados, analisados, avaliados, tratados e monitorados.
Os planos de tratamento devem ser integrados aos processos orçamentários e de gestão da organização. Existem diferentes tipos de tratamentos de riscos, que são as ações de correção, corretivas e de contingência. Entenda:
Ação de correção: é a ação imediata de correção da falha, quando possível. Exemplo: em caso de incêndio, apagar o fogo.
Ação corretiva: ações para atuar nas causas das falhas evitando a recorrência do problema. Exemplo: por que houve o incêndio? Deve-se agir nas causas para que o fato não se repita.
Ação de contingência: é a ação alternativa enquanto o problema está ocorrendo, caso o processo afetado não possa ser interrompido. Exemplo: o incêndio atingiu a unidade de internação. É necessário mobilizar os pacientes para outro local para não interromper os cuidados.
Monitoramento e análise crítica
A análise crítica contínua é essencial para assegurar que o plano de gerenciamento de riscos se mantenha pertinente.
Deve incluir os impactos dos tratamentos na avaliação de desempenho organizacional, bem como as lições aprendidas com o processo de gestão de riscos, através da análise crítica dos eventos, dos planos de tratamento e de seus resultados.
Cada etapa do processo de gestão de riscos deve ser devidamente registrada. Todas as hipóteses, métodos, fontes de dados, análises, resultados e justificativas para as decisões devem ser registrados.
Lembre-se: os registros de tais processos são um aspecto importante da boa governança corporativa!
Um procedimento deve ser elaborado pela instituição, definindo as diretrizes para cumprimento das etapas necessárias à gestão de riscos. É importante compreender que há duas formas de realizar o gerenciamento de riscos, e que elas devem estar integradas:
Por processo: é o que todo setor deve ter, por meio da Matriz de Gerenciamento de Riscos — ver adiante).
Na estratégia: é sempre realizada no Planejamento Estratégico, para que seja possível alcançar os objetivos desejados.
Construindo a Matriz de Gerenciamento de Riscos
É possível estabelecer uma matriz para a gestão dos riscos, utilizando as diretrizes da NBR ABNT ISO 31000. Esta matriz facilita o reconhecimento, o gerenciamento e a análise de efetividade das ações propostas.
Como se constrói uma matriz de gestão de riscos? Acompanhe o modelo e as definições abaixo. Cada item corresponde a uma coluna da matriz:
Processo crítico
Refere-se ao conjunto de atividades interligadas executadas no setor que impactam na realização (sucesso) do objetivo do setor. É o nome do macroprocesso que o setor desenvolve. Exemplo: Assistência multidisciplinar ao paciente.
Atividade crítica
São as ações que ocorrem dentro do processo crítico. Devem ser listadas conforme descrito no Mapa de Processo, na coluna “Principais atividades”.
Identificação das possíveis falhas
É o processo de busca, reconhecimento e descrição de riscos. É a identificação das possíveis falhas que podem ocorrer na execução das tarefas relacionadas ao processo crítico e/ou atividade crítica que estiver sendo analisado. Estas falhas podem estar associadas ao descumprimento dos requisitos da Cadeia Cliente Fornecedor.
Identificação das possíveis causas
A identificação das causas possui dois elementos:
Classificação 6Ms: é identificar em qual(is) Ms cada falha se enquadra. Isto facilita quando se vai descrever a ação corretiva (plano de ação) baseando-se no diagrama de Ishikawa, ou “Espinha de Peixe”. Os 6Ms são: Mão de obra, Máquina, Material, Medida, Meio ambiente e Método.
Causas da falha: são as possíveis causas que podem levar à ocorrência de cada falha que estiver sendo analisada.
Análise e avaliação do risco
Referem-se ao desenvolvimento da compreensão do risco, fornecendo informações para que se decida como os riscos devem ser tratados e quais as estratégias de tratamento mais adequadas e econômicas.
Esta etapa do tratamento de riscos contém sete abordagens:
Domínio de risco primário: uma forma de classificação de risco é quanto aos seus domínios, que são identificados na Matriz de Gerenciamento de Riscos conforme a consequência identificada. Deve ser identificado o domínio de risco imediato (primário), ou seja, o primeiro a ser afetado se a falha ocorrer.
Consequência imediata: é o efeito imediato (para o cliente/paciente, ou para a organização, ou para o meio) correspondente a cada falha identificada.
Indicador ou Registro relacionado: É a chance de ocorrência da falha identificada. Essa chance de ocorrência pode ser determinada por meio do desempenho do indicador que monitora o evento, ou, na ausência do indicador, utiliza-se um registro. Para cada falha identificada, um monitoramento deve ser definido.
Probabilidade: conforme a fonte da probabilidade (indicador ou observação), deve ser listada a chance que a falha tem de ocorrer. São 3 opções: baixa, média ou alta. Cada opção tem uma pontuação específica: se a opção for “baixa” a pontuação é 1; se “média” é 2; se “alta” é 3.
Gravidade: é a intensidade do dano da consequência, se a falha ocorrer. São 3 opções: leve, moderada ou grave. Assim como na probabilidade, aqui cada opção tem uma pontuação específica: se a opção for “leve” a pontuação é 1; se “moderada” é 2; se “grave” é 3.
Nível do Risco (atual): é o produto da multiplicação da pontuação da “probabilidade” x pontuação da “gravidade” no período da vigência da atual da Matriz de Riscos.
Nível do Risco (anterior): é o produto da multiplicação da pontuação da “probabilidade” x pontuação da “gravidade” no período da vigência anterior da Matriz de Riscos.
Controles
São as barreiras/ações empregadas para se evitar que a falha ocorra. São identificados os processos, dispositivos ou práticas existentes que atuam para minimizar os riscos. Exemplos de controles: planilhas, funcionalidades de sistema informatizado, alertas, alarmes.
Indicador relacionado
É o que mede a ocorrência da falha. Neste item será inserido o nome do indicador que está relacionado a falha identificada.
Tratamento do risco
Envolve a identificação das diversas opções para tratar os riscos, a análise e a avaliação dessas opções, a preparação e a implementação de planos de ação. O tratamento é dado observando-se a tabela de prioridades de ações, de acordo com a multiplicação da gravidade e da probabilidade.
Agora você já viu como começar a construir a Matriz de Gerenciamento de Riscos para executar a etapa de tratamento de riscos!
É importante reforçar que, para realizar um gerenciamento de riscos eficiente, focando a segurança do paciente com elevada entrega de valor em saúde, é absolutamente necessário contar com uma plataforma que transforme todo o volume de dados de saúde da instituição em informações.
Informações fidedignas, que por sua vez levam a conhecimentos com capacidade de gerar mudanças através de um efetivo programa de segurança do paciente.
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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