Introdução
Neste artigo, vamos tratar como as internações hospitalares podem ser evitáveis para a redução de desperdícios assistenciais.
As Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) são um indicador crítico da eficiência e resolutividade da Atenção Primária à Saúde (APS).
Por sua vez, essas internações hospitalares representam hospitalizações que poderiam ser evitadas com cuidados primários efetivos e oportunos.
O conceito de ICSAP foi introduzido nos Estados Unidos na década de 1990 como um meio de medir o acesso e a qualidade da APS.
Por sua vez, o conceito revela uma forte correlação entre taxas de hospitalização e condições socioeconômicas e de acesso a serviços de saúde.
No Brasil, a Lista Brasileira de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária foi estabelecida em 2008 pelo Ministério da Saúde.
Com isso, ela define um conjunto de 19 grupos de diagnósticos que indicam internações hospitalares potencialmente evitáveis.
Em conclusão, essa lista cobre uma ampla gama de condições, desde doenças preveníveis por imunização até doenças crônicas como asma e insuficiência cardíaca.
O que são Internações Hospitalares Potencialmente Evitáveis (ICSAPs)?
Em resumo, as ICSAPs são fundamentais para avaliar a capacidade da APS de gerenciar condições crônicas e prevenir complicações que levem à hospitalização.
Em suma, indicam as internações hospitalares potencialmente evitáveis, e são influenciadas por diversos fatores.
Entre eles, a organização dos sistemas de saúde, a disponibilidade e a acessibilidade de serviços, o nível socioeconômico da população e as desigualdades de acesso.
No Brasil, um elevado número de ICSAP reflete não apenas falhas na APS, mas também a fragmentação e a ineficiência do sistema de saúde como um todo.
Ou seja, reduzir a prevalência de ICSAP pode melhorar significativamente a equidade no acesso aos cuidados.
Além disso, é ideal para a redução de desperdícios assistenciais, ou seja, o uso desnecessário de recursos hospitalares.
Desta forma, é possível promover um sistema de saúde mais justo e sustentável.
Estrutura e Desafios dos Sistemas de Atenção à Saúde (SAS)
Sistemas de atenção à saúde (SAS), como o próprio nome diz, são organizados para promover, restaurar e manter a saúde da população.
Ou seja, eles garantem proteção contra riscos e acesso a serviços seguros e efetivos.
No Brasil, os dois subsistemas - o Sistema Único de Saúde (SUS) e o suplementar - são estruturados para oferecer uma rede de serviços regionalizada e integrada.
Entretanto, na prática, enfrentam desafios significativos de integração e coordenação entre os diversos níveis de atenção, necessitando de uma melhoria na gestão de saúde.
Com isso, essa fragmentação resulta em perda de qualidade e eficiência, aumento dos custos e ampliação das desigualdades no acesso aos serviços de saúde.
Portanto, como o primeiro nível de atenção, a APS desempenha um papel fundamental na prevenção de internações através da promoção da saúde, cuidado preventivo do hospital, prevenção de doenças e manejo de condições crônicas.
Atenção Primária, Secundária e Terciária em Saúde
Em resumo, trataremos quais são os principais processos de eficiência no atendimento hospitalar e como os sistemas de saúde funcionam.
Com isso, podemos mapear como prevenir as internações hospitalares e melhorar a ICSAPs nos demais níveis de cuidado. São elas:
- Atenção Primária em Saúde (APS) é a principal porta de entrada do sistema de saúde, responsável por resolver a maioria das necessidades da população.
Neste nível, inclui a promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento de condições agudas e crônicas e coordenação do cuidado preventivo do hospital.
Ainda, neste nível é possível identificar e prevenir internações hospitalares evitáveis.
Portanto, a APS deve resolver mais de 80% dos problemas de saúde, minimizando a necessidade de cuidados de maior complexidade.
- Atenção Secundária em Saúde envolve serviços especializados, como consultas com especialistas e exames diagnósticos.
É um nível intermediário entre a APS e a atenção terciária, focando em procedimentos de média complexidade.
- Atenção Terciária em Saúde, ou alta complexidade, refere-se a serviços que requerem tecnologias avançadas e especialização, geralmente realizados em ambiente hospitalar.
Ou seja, este nível inclui procedimentos como terapias renais substitutivas, quimioterapia, radioterapia e cirurgias de alta complexidade, além de cuidados em unidades de terapia intensiva.
Portanto, alguns hospitais classificados como “quaternários” realizam procedimentos ainda mais especializados, como transplantes.
Com isso, esse nível de atenção representa cerca de 5% das necessidades de saúde, mas exige uma densidade tecnológica muito alta.
Ela é essencial para o tratamento de condições complexas que não podem ser geridas nos níveis primário ou secundário.
Epidemiologia Das Internações Por Condições Sensíveis à Atenção Primária
No Brasil, as ICSAPs são responsáveis por uma proporção significativa das internações hospitalares, destacando falhas na APS e a necessidade de melhorias.
Durante a pandemia de COVID-19, houve uma redução temporária nas ICSAPs devido à menor procura por cuidados ambulatoriais, mas essa tendência está revertendo com a normalização das atividades de saúde.
Dados da Plataforma Valor Saúde by DRG Brasil + IA mostram que a taxa de ICSAP em pacientes admitidos para tratamento clínico está em torno de 30% no Brasil.
As condições mais comuns que levaram a ICSAP incluem infecções do trato urinário, pneumonia comunitária, insuficiência cardíaca congestiva e asma.
Ações Para Reduzir ICSAPs
A promoção da saúde e a prevenção de doenças são estratégias fundamentais para o cuidado preventivo do hospital.
Com elas, o objetivo é fortalecer o sistema de saúde, promovendo resiliência e focando no bem-estar da população.
Com isso, as abordagens não apenas visam tratar doenças existentes, mas também capacitam indivíduos e comunidades a adotar estilos de vida mais saudáveis e prevenir problemas de saúde antes que se tornem graves.
Neste contexto, Promoção da Saúde envolve incentivar hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e redução do estresse.
Ainda, a Prevenção de Doenças inclui medidas como vacinação, triagem de saúde para detecção precoce de condições, e conscientização sobre fatores de risco.
Em suma, essas estratégias ajudam a prevenir o surgimento de condições adversas e a melhorar a gestão de saúde na comunidade.
Além disso, a Estruturação dos Serviços de Saúde é necessária para apoiar essas iniciativas. Políticas públicas que incentivem comportamentos saudáveis e facilitem o acesso a serviços preventivos são essenciais. Isso inclui a implementação de programas de triagem, campanhas de conscientização e a oferta de cuidados primários acessíveis, que são fundamentais para a detecção precoce e tratamento eficaz de doenças.
A prevenção de internações, através dessas estratégias, visa reduzir a incidência de condições de saúde agudas, melhorar o acesso à atenção primária e promover a detecção precoce e tratamento de condições antes que se agravem.
Portanto, ao focar na prevenção de internações, é possível diminuir a necessidade de internações hospitalares não planejadas, economizando recursos e aliviando a carga sobre os serviços de emergência.
Além disso, os benefícios para a saúde pública e o sistema de saúde são enormes.
Entre elas, incluem a redução da pressão sobre os serviços de emergência, permitindo que esses recursos sejam direcionados para pacientes com condições agudas urgentes, a economia de recursos financeiros e de infraestrutura, que podem ser realocados para fortalecer outras áreas do sistema de saúde, e um melhor nível de saúde e de qualidade de vida.
Portanto, essas medidas resultam em um sistema de saúde mais eficiente, havendo redução de desperdícios assistenciais.
Em suma, é capaz de responder melhor às necessidades da população, promovendo um atendimento mais preventivo e menos dependente de intervenções hospitalares de alta complexidade.
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Diretrizes Para a Prevenção de Internações Evitáveis
Para prevenir ICSAPs de forma eficaz, são necessárias diretrizes claras que incluem uma série de diretrizes.
Entre elas, a avaliação das necessidades da população, o desenvolvimento de uma rede de cuidados integrada, o engajamento da comunidade, o fortalecimento da infraestrutura de saúde e a implementação de serviços de saúde integrados.
Por isso, a educação continuada em saúde, a promoção de estilos de vida saudáveis e a colaboração entre diferentes setores do sistema de saúde são essenciais para melhorar a qualidade da APS e reduzir as internações evitáveis.
Para desenvolver uma rede de cuidados eficaz, é necessário seguir oito passos:
- Avaliação das necessidades da população: Identificar os desafios de saúde e lacunas nos serviços existentes por meio de uma análise abrangente de dados demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos.
- Planejamento e desenvolvimento da rede de cuidados: Formar uma equipe multidisciplinar para definir objetivos, metas e a estrutura da rede, assegurando que sejam alinhados com as necessidades da população e os princípios da atenção primária.
- Engajamento da comunidade: Incluir a comunidade no planejamento e desenvolvimento da rede, estabelecendo parcerias com líderes e organizações locais para garantir uma abordagem centrada no paciente.
- Desenvolvimento de infraestrutura e recursos humanos: Fortalecer a infraestrutura de saúde existente e capacitar uma equipe interdisciplinar de profissionais de saúde para atender às necessidades da população.
- Implementação de serviços integrados: Oferecer serviços de saúde que abordem todas as necessidades da população, desde prevenção até reabilitação, utilizando abordagens baseadas em evidências para garantir cuidados de alta qualidade.
- Monitoramento e avaliação: Criar sistemas para monitorar e avaliar o desempenho da rede de cuidados, utilizando dados para identificar áreas de melhoria e ajustar operações.
- Educação e promoção da saúde: Implementar programas de educação em saúde para capacitar a comunidade a adotar estilos de vida saudáveis e gerenciar suas condições de saúde.
- Parcerias e colaborações: Estabelecer parcerias com outras organizações de saúde e instituições para fortalecer a rede de cuidados e garantir a coordenação entre diferentes níveis do sistema de saúde.
Chegou até aqui? Fique por dentro de como reduzir os custos dos desperdícios em saúde da instituição e fale com nossos especialistas para colocar a metodologia DRG em prática.
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