Dia de Combate à Infecção Hospitalar: saiba como adotar boas práticas de segurança e evitar riscos assistenciais
DRG Brasil
Postado em 15 de maio de 2022 - Atualizado em 28 de setembro de 2023
O Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares comemora a introdução de práticas de higienização das mãos para salvar vidas. Saiba mais!
O Dia do Controle das Infecções Hospitalares, incorporado no calendário de saúde do Brasil em 15 de maio, se refere à introdução de práticas de higienização das mãos na assistência à saúde pelo médico Ignaz Semmelweis, em 1846. A sensibilização foi instituída pela Lei 11.723/2008, com o objetivo de conscientizar gestores, autoridades, profissionais de serviços de saúde, bem como a população em geral, sobre a importância de prevenir e controlar as infecções.
Embora a melhoria da higiene das mãos seja adotada há um bom tempo, com políticas e diretrizes bem definidas, a sustentação dessas ações ainda não foi implementada de uma forma sistemática. Daí, a importância de enfatizar a necessidade de combater as infecções hospitalares por meio de campanhas.
Em contribuição a essa importante ação de conscientização, neste artigo, vamos abordar esse assunto apresentando o conceito de infecção hospitalar e as orientações internacionais para o combate e prevenção destes eventos. Também vamos comentar sobre a intensificação dessa preocupação face à pandemia da Covid-19 e a necessidade de proporcionar segurança ao paciente. Boa leitura!
O conceito de infecções hospitalares e os eventos mais comuns
São consideradas infecções hospitalares, as infecções adquiridas após 72 horas da entrada dos pacientes em unidades hospitalares. Elas podem se manifestar durante a internação ou após a alta e representam um grande problema de saúde pública devido a sua gravidade, aumento do tempo de internação e probabilidade de óbito.
As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são doenças graves, com um grande impacto econômico para os pacientes e sistemas de saúde, a nível mundial. Alguns exemplos de infecção hospitalar mais comuns são:
● infecções de sítio cirúrgico (ISC);
● pneumonias hospitalares — relacionadas à ventilação mecânica (PAV), como a pneumonia nosocomial, entre outras;
● infecções do trato urinário — associadas a cateter (ITU);
● infecções da corrente sanguínea — provocadas por cateter (IPCS);
● diarreia por Clostridium Difficile, assim como demais surtos de infecções virais adquiridos em ambientes de assistência à saúde.
No entanto, esse problema pode ser contornado com uma série de boas práticas estabelecidas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) — órgão formado por profissionais de saúde com nível superior, dentre eles, membros consultores e executores.
Dentre suas atribuições, a CCIH visa planejar e executar o Plano de Controle de Infecção Hospitalar, por meio de uma série de ações desde as mais simples, como a higienização das mãos, divulgação de boas práticas de higiene para a equipe e uso adequado de antimicrobianos e germicidas, até ações mais abrangentes, como a implantação de um sistema de vigilância epidemiológica, promoção de treinamento e capacitação da equipe médico-hospitalar, e criação de um sistema de supervisão para as rotinas operacionais.
As orientações internacionais para controlar as IRAS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu as “Diretrizes da OMS sobre Higiene das Mãos em Serviços de Saúde” fundamentadas em evidências científicas, visando ajudar os serviços de saúde na otimização da higiene das mãos, a fim de reduzir as ocorrências das IRAS.
O Departamento de Segurança do Paciente da OMS lançou, em 2009, o programa “Salve Vidas: higienize suas mãos”, a fim de garantir uma abordagem contínua global, regional, nacional e local sobre a higiene nos serviços de saúde.
Esse programa intensifica a orientação sobre “Meus 5 Momentos para a Higiene das Mãos” como forma eficaz para proteger o paciente, assim como o profissional de saúde e o ambiente assistencial contra a propagação de patógenos e redução das ocorrências de IRAS.
A abordagem orienta os profissionais de saúde a higienizarem as mãos nos seguintes momentos:
1. Antes do contato com o paciente.
2. Antes da realização de procedimento limpo/asséptico.
3. Após risco de exposição a fluidos corporais.
4. Após contato com o paciente.
5. Após contato com as áreas próximas ao paciente.
Orientações para pacientes e visitantes
Os pacientes e visitantes também são peças fundamentais para evitar a propagação de infecções no ambiente hospitalar. Eles devem seguir as orientações dos profissionais da saúde em relação aos cuidados na manutenção dos dispositivos invasivos, por exemplo. Também podem funcionar como fiscais das ações de prevenção, exigindo a higiene das mãos da equipe multidisciplinar nos cinco momentos da assistência citados.
Já em relação aos visitantes, eles podem auxiliar os pacientes no entendimento e aplicação das orientações dos trabalhadores da saúde sobre as medidas de prevenção e controle das infecções hospitalares. Além disso, é muito importante que sejam conscientizados sobre a possibilidade de transmitirem doenças infecciosas para o paciente durante a visita, agravando o quadro clínico.
Nesse sentido, o visitante precisa ser orientado para não realizar as visitas se estiver doente, como, por exemplo, gripe, resfriado, conjuntivite, pneumonia, diarreia ou lesões de pele. Além dessas atitudes, todos os envolvidos em processos de assistência à saúde devem proceder à higienização das mãos, que pode ser feita com água e sabão ou por meio da fricção das mãos com álcool a 70%, disponibilizado em todo o ambiente hospitalar.
Para que essa higienização seja mais efetiva, é importante retirar acessórios como relógios, pulseiras e anéis, a fim de facilitar o contato da água ou do álcool com a superfície da pele.
A infecção hospitalar no contexto da Covid-19
O significado do Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares ficou ainda mais evidente com a pandemia da Covid-19 que enfrentamos desde 2020 no Brasil. No caso do SARS-CoV-2, a infecção associada à ventilação mecânica é a mais importante, por atingir vias respiratórias que podem precisar desse tipo de suporte.
Nesse contexto, o papel dos profissionais que atuam no controle e prevenção das infecções ganhou maior destaque, tendo em vista suas grandes responsabilidades em relação à segurança dos pacientes e às próprias vidas.
Já no âmbito das políticas públicas, o Ministério da Saúde estabeleceu diversos protocolos e documentos instrutivos voltados aos profissionais da linha de frente, entre eles o Protocolo de Manejo Clínico da Covid-19 na Atenção Especializada, com orientações e medidas de prevenção e controle de infecções.
A importância da cultura da segurança do paciente
Segundo especialistas, a pneumonia nosocomial é a segunda infecção hospitalar mais comum e éa causa mais frequente de morte entre as infecções adquiridas em ambiente hospitalar.
Com base no relatório “To Err is Human” e na Campanha 5 Milhões de Vidas do IHI, a pneumonia hospitalar foi entendida como um evento adverso, que indica problemas na segurança do paciente.
Nesse sentido, considerando que medidas de combate e prevenção das IRAS são indispensáveis para a segurança do paciente, é fundamental que elas sejam incorporadas à cultura organizacional das instituições de saúde. Para isso, é crucial envolver os profissionais e colaboradores, em ações de controle como:
● correta higienização das mãos;
● uso de EPIs;
● higienização intensificada e eficaz das áreas, móveis e equipamentos hospitalares;
● adoção de tecnologia com sistemas de dados integrados que contribuem para a experiência positiva do paciente.
Conforme mostramos ao longo deste artigo, o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares nos remete à conscientização sobre medidas de segurança do paciente e a importância das pessoas que atuam nesse contexto. Deixamos aqui, o nosso o nosso reconhecimento aos profissionais da saúde que superam diversas dificuldades para salvar vidas!
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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