Em artigo publicado pelo ESTADÃO, o presidente do Conselho da ONA e executivo da Faculdade e da Seguros Unimed analisa os ensinamentos trazidos pela pandemia no Brasil e no mundo.
Por: Fábio Leite Gastal
Publicado em: ESTADÃO, 23 de agosto de 2021
Para Fábio Gastal, presidente do Conselho da ONA (Organização Nacional de Acreditação), coordenador científico da 2.ª Digital Journey by Hospitalar, diretor Acadêmico da Faculdade Unimed e superintendente de Novos Negócios da Seguros Unimed, o Brasil tinha tudo para servir de exemplo mundial na pandemia de Covid-19.
Exemplo positivo, de como lidar com uma crise de saúde sem precedentes, por meio de uma estrutura capilar, eficiente e organizada com grande capacidade de atendimento e vacinação – o que garantiria um baixo índice de mortalidade.
Porém, de acordo com Gastal, faltaram apoio político e liderança. E o Brasil entrou para a história com uma triste marca de mais de 550 mil mortos pela Covid-19.
O médico aponta que, se existem vencedores na guerra contra o novo Coronavírus, eles são:
- o Sistema Único de Saúde (SUS),
- o Sistema de Saúde Suplementar,
- a rede de hospitais públicos e privados,
- e as autoridades locais, como governadores e prefeitos.
Juntas, essas entidades enfrentaram corajosamente os abalos, a postura anticientífica das mais altas autoridades do País e a ausência de uma política clara de combate à crise sanitária.
Após o início da vacinação, quais são as lições aprendidas?
A pandemia esteja longe do fim, mas o presidente do Conselho da ONA consegue visualizar alguns ensinamentos dos momentos mais críticos, quando ainda não havia vacina para proteger a população.
Pesquisadores em todo o mundo já conseguem detectar evidências de que os hospitais acreditados – ou seja, que passaram por um processo de avaliação e certificação que busca, por meio de padrões e requisitos, promover a qualidade e a segurança da assistência – conseguiram lidar melhor com a situação.
É claro para estes pesquisadores que os hospitais com processos estruturados de gestão, qualidade, acreditação e certificação voltados para o aumento da segurança do paciente apresentaram melhores resultados assistenciais. Ou seja, estes hospitais estão mais habilitados para entregar valor em saúde, sobretudo em período de pandemia.
O vírus causou surpresa e demandou a criação de processos. E os processos já existentes, que estavam bem-organizados devido aos requisitos de qualidade, atenderam às necessidades mais prementes.
Sendo assim, os hospitais acreditados apresentaram os seguintes diferenciais:
→ Registraram menores taxas de complicações, sequelas e mortalidade não só em relação aos pacientes Covid, mas a pessoas acometidas por outras doenças;
→ Mostraram-se mais bem preparados para fazer frente ao excesso de demanda, porque contavam com uma das exigências da acreditação: o comitê de crise, que deve estar preparado para acompanhar a evolução dos casos, prontuários e óbitos.
“Se existem vencedores na guerra contra a covid-19 são o Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema de Saúde Suplementar, a rede de hospitais públicos e privados e as autoridades locais, como governadores e prefeitos.”
Fábio Leite Gastal, em artigo do ESTADÃO
Vivendo com as consequências: podemos acreditar em um futuro melhor?
O diretor Acadêmico da Faculdade Unimed e superintendente de Novos Negócios da Seguros Unimed afirma que o Brasil vai figurar como um case de país que multiplicou em tempo recorde as unidades de terapia intensiva (UTIs) em tempo recorde, ampliando a capacidade de atendimento.
Os momentos de quase colapso da rede ocorreram entre fevereiro e março de 2021, quando houve filas nas clínicas, hospitais e prontos-socorros, mas ainda assim a rede não implodiu. O sistema de saúde brasileiro foi capaz de dar assistência e não deixar as pessoas fora do hospital.
Lamentavelmente, a sobrecarga, agravada por posicionamentos anticientíficos, resultaram em um irrompimento do número de óbitos.
Fábio Gastal Agora chama a atenção para um novo desafio: a disseminação da variante delta. Esta cepa, apesar de mais transmissível, tem provocado casos mais leves e menos mortes nos países desenvolvidos, onde grande parcela da população está vacinada com duas doses dos imunizantes.
No Brasil, menos de 40% da população está totalmente imunizada. É preciso intensificar a vacinação e manter as medidas de proteção individual, como: uso de máscara facial, aplicação de álcool em gel, lavagem de mãos e distanciamento social. “Se tudo correr bem, esta nova variante vai provocar um novo pico da doença, mas sem tantos casos graves e tantas mortes”, avalia.
- Créditos:
- Foto: Fábio Leite Gastal/DIVULGAÇÃO
- Conteúdo: ESTADÃO - Blog Fausto Macedo
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