Além da limitação de recursos, isso tem impactado a linha de frente, como médicos e enfermeiros, que lidam diariamente com a pressão e o cansaço. Na rede pública, a preocupação também existe, porém, em um nível relativamente menor.
No cenário brasileiro, 7 em cada 10 pessoas dependem do SUS, segundo informação do IBGE. E mesmo com essa grande demanda, os hospitais públicos da capital mineira têm conseguido disponibilizar leitos para o tratamento dos pacientes com COVID-19.
Uma das explicações para isso é o fato de parte dos hospitais da Rede Municipal de Saúde investirem nos preceitos de valor em saúde, conceito que relaciona custos e resultados, para entregar mais qualidade e segurança. Acompanhe o texto e entenda essa transformação na saúde dos belo-horizontinos!
Qual o cenário atual do coronavírus em BH?
Na rede privada de Belo Horizonte, em dezembro de 2020, o aumento na ocupação de leitos ligou o alerta vermelho e começou a preocupar os profissionais da Saúde. Atualmente, semanas após as festas de fim de ano, a apreensão é que esse número cresça consideravelmente.
Já conhecemos a conjuntura do vírus desde o início da pandemia: hospitais, médicos e enfermeiros no combate, para inibir sua evolução e suas consequências negativas. Como resultado dessa luta, já são mais de 450 mil pessoas recuperadas da COVID-19 só no estado mineiro.
O SUS também lida com um cenário crítico. No entanto, devido ao fato de a rede contar com estratégias para melhorar a utilização dos serviços, ela tem conseguido gerir bem seus recursos. Como exemplo disso, temos o fato de os leitos destinados aos casos de coronavírus em BH ainda não terem uma ocupação tão grande quanto a dos de hospitais privados.
Como o SUS tem utilizado o valor em saúde durante a pandemia do coronavírus em BH?
O conceito de valor em saúde foi definido por Porter e Teisberg, no livro Repensando a Saúde, e retrata a relação entre os resultados obtidos pelo paciente e os custos para atingi-lo. O objetivo é deixar o paciente no centro da estratégia, proporcionando a ele mais qualidade ao longo da prestação dos serviços.
A concepção do valor em saúde vai na contramão da visão tradicional existente no setor — que busca remunerar profissionais, considerando a quantidade de procedimentos realizados, estimulando, com isso, a solicitação de mais exames e procedimentos. A consequência é, além do aumento de gastos, a exposição do paciente a uma rotina desnecessária, colocando-o, inclusive, em risco.
A rede SUS de Belo Horizonte é pioneira, há anos, em ações de otimização no acesso à saúde e, atualmente, conta com diversas premissas com esse foco. Para priorizar a qualidade do serviço, em vez da quantidade, uma das principais ideias adotadas é melhorar as unidades de atendimento já existentes, antes de iniciar o processo de abertura de novas.
Desburocratizar é outra premissa importante. Os serviços precisam ter eficácia e segurança, as ineficiências têm de ser reduzidas, e as receitas, otimizadas.
O investimento em tecnologias é outra grande aposta para praticar o conceito de valor em saúde. Isso, inclusive, tem facilitado a implementação de estratégias para aumentar o acesso da população aos serviços de saúde e, com isso, melhorar os atendimentos na pandemia do coronavírus em BH.
Uma das estratégias utilizadas, então, se refere à gestão de leitos hospitalares. Essa ação é primordial, visto que administrar corretamente a taxa de ocupação contribui para a boa sustentabilidade econômica e a redução do desperdício.
Outra aposta do SUS para praticar o valor em saúde é, no uso da tecnologia, coletar dados sobre serviços e recursos e transformá-los em informações relevantes — o que oferece uma visão ampla da realidade e uma base para tomar decisões mais estratégicas.
Como é aplicado o conceito de valor em saúde na prática?
Na prática, é preciso aplicar mudanças assistenciais e empresariais em processos e em pessoas, incluindo atendentes da recepção a médicos, enfermeiros e gestores. O foco da transformação é prover ações voltadas ao paciente, que, nessa relação, é a parte mais sensível.
Para isso, é fundamental aplicar os alvos assistenciais:
uso eficiente do leito hospitalar — a partir de uma gestão na distribuição desses leitos;
aumento da segurança assistencial — danos ao paciente podem aumentar o consumo de recursos. É preciso ter ações bem planejadas;
redução de internações evitáveis — hoje, o baixo acesso à atenção primária e o sistema remuneratório contribuem, de forma negativa, para esse aspecto;
diminuição de readmissões preventivas — observa-se a ausência de uma assistência hospitalar qualificada, além de complicações que se manifestam no domicílio.
Organizar a instituição em etapas de cuidado, mensurar resultados e custos, além de modificar o método de remuneração dos profissionais de saúde são formas de colocar esse conceito em prática.
Na gestão de custos hospitalares, pode-se prevenir procedimentos complexos realizados de forma desnecessária, prezando pela diminuição de desperdícios e pelo aumento da eficiência da assistência em geral.
Para uma assistência baseada em qualidade, precisamos ter visão de longo prazo. O foco não é unicamente a cura, mas também o bem-estar e o aumento dos serviços de promoção e prevenção da saúde, para termos como consequência a redução dos diagnósticos graves e, ainda, a antecipação de problemas e o desenvolvimento de soluções, para agirmos a tempo.
O conceito de valor em saúde também demanda, na prática, uma análise substancial de dados estruturados. Isso exige uma tecnologia capaz de transformá-los em informações exatas e reais, gerando indicadores confiáveis e oferecendo o alicerce para uma governança clínica, de decisões estratégicas e mais entregas de valor.
Isso nos leva à aplicação de determinadas condutas, a exemplo de:
efetividade clínica — que exige decisões sobre tratamentos baseados em evidências de qualidade;
gerenciamento de riscos — que adota ações para diminuir falhas na assistência;
auditoria clínica — que analisa a performance na qualidade dos serviços prestados;
melhoria contínua — que preza pelo aperfeiçoamento da equipe de trabalho e, também, pela melhoria na relação com as operadoras de saúde.
Em suma, o estado de Minas Geais ainda enfrenta os desafios com o coronavírus em BH. O aumento na ocupação de leitos da rede privada e a taxa crescente de contaminados nos levam a perceber a urgência em adotar métodos de melhoria na gestão de recursos e nos atendimentos. O SUS tem muito a ensinar com suas práticas de saúde baseada em valor.
Direitos autorais: CC BY-NC-SA Permite o compartilhamento e a criação de obras derivadas. Proíbe a edição e o uso comercial. É obrigatória a citação do autor da obra original.
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